Quando eu era
adolescente, lembro que dávamos o nome de enlatados para produtos televisivos
que eram apresentados na TV aberta. Acredito que tinham esse nome por serem
produzidos nos Estados Unidos da América, serem fortemente imbuídos da cultura
daquele país e servirem como divulgação e propaganda do American Way of Life.
Não sei se
concordo com o termo para esse tipo de produto. Afinal, que tipo de cultura era
esperado num produto produzido naquele país? Seriam os filmes de Bollywood
também enlatados indianos?
Deixando
aqueles enlatados de lado, acredito que hoje esse termo pode ser usado com
muito mais propriedade para designar um outro tipo de produto. E esse produto é
veiculado principalmente nas redes sociais e comunicadores instantâneos.
Sabe aquele
grupo da família no Whatsapp? Sabe aquelas mensagens de Bom Dia que são enviadas todas as manhãs, invariavelmente, nesses
grupos? Você acha que aquela sua tia que enviou a mensagem usou algum
aplicativo para juntar a foto das flores com o texto de auto ajuda que veio na
mensagem? Não. Ela pegou pronto de algum site ou repassou de outro grupo. E
como chamamos àquilo que vem pronto para o consumo? Enlatado.
Pois bem.
Junto com essas mensagens de Bom Dia, podemos colocar no mesmo balaio as
correntes, as mensagens apocalípticas, os alertas do tipo “passe para todos os
seus contatos”, as mensagens do gatinho de voz fina, as “videocassetadas”, e
até os “pensamento do dia”. Tudo isso está pronto a ser repassado e se tornar
viral. Há sites especializados em produzir esses conteúdos.
Há também as
declarações de amizade e amor infinito que costumam terminar com “Passe para as
pessoas que você ama, inclusive eu, se me amar”. Esse é o cúmulo do cúmulo!
Mandar uma mensagem pronta pra um amigo e pedir que ele mande de volta pra
você? Tem dó, né? Eu já não respondo as mensagens de Bom Dia, por serem enlatadas (ainda se fossem, no mínimo, digitadas
por quem enviou…), imagina se vou mandar de volta uma mensagem que, claramente,
a pessoa me repassou depois de receber de alguém. E, possivelmente, nem leu
inteira.
Então, para
aqueles que me acham insensível ou sem amor no coração por não responder os Bons Dias nem mandar de volta as mensagens
que devem ser enviadas a quem se ama, está aqui a prova de que gosto de você.
Dei-me o trabalho de escrever todo esse texto, que não copiei de lugar algum
nem recebi pronto, para dizer que não respondo enlatados e que isso não
significa que eu não goste de você. Significa apenas que eu tenho por princípio
não repassar coisas prontas como se fosse algo pessoal.
Repasso, sim,
piadas que acho engraçadas, textos que acho interessantes, mas sem dar a
entender que aquilo é pessoal para alguém ou que eu o fiz pensando em alguém.
Obrigado pela
compreensão.
(Coloque aqui
seu nome e passe para todos os seus grupos de WhatsApp, ou cole no seu Facebook)